quinta-feira, 13 de setembro de 2007

As actividades de lazer podem tornar-se perigosas?

Valerá a pena meditar, só de passagem, sobre o lazer “escondido” das práticas ilegais, em lugares públicos.

Esquecendo por instantes as considerações morais conexas, o consumo das drogas, a prostituição, o tráfico de não sei o quê, o jogo clandestino, que se passam muitas vezes no espaço público, poderão ser consideradas actividades de lazer?

Poderão essas actividades coexistir pacificamente em locais expressamente programados para o lazer – praças, jardins e parques urbanos, por exemplo?

Há um fabricante alemão de dispositivos para parque infantis que tem por método testar todos o novos produtos e equipamentos num recinto privado de acesso ao público, antes de os colocar no mercado. Os resultados desses testes mostram que, normalmente, os tais equipamentos, criados e produzidos por adultos, altamente especializados nessa área, são normalmente utilizados pelos miúdos (o público alvo) de uma forma completamente imprevisível ou mesmo contrária à expectativa da utilização para que foram criados. Tal facto, como é facilmente perceptível, origina novos problemas de segurança e de durabilidade dos produtos. A título de exemplo, imaginem uma criança a brincar num escorrega de um parque infantil: não raras as vezes, a sua maior fixação é subir a rampa do equipamento no sentido contrário ao normal movimento do equipamento com os pais a assistir e a tentar, desesperadamente, convence-la a adoptar as boas regras de utilização.

Referia então há tempos Nuno Lourenço: podemos chamar a este tipo de actividade “lazer em transgressão”?

Poderão estas acções ser sinónimo do prolongamento do espaço privativo da arbitrariedade até aos limites do tolerável pelos outros, pelos equipamentos ou pelos espaços urbanos?

Tudo isto a propósito de alguns espaços públicos ou semi-públicos que vão surgindo por estas terras onde coabitamos, como por exemplo os famosos Parques de Merendas e de Lazer: uns com projecto, outros nem por isso.

Não está em causa a necessidade desses espaços mas sim, as suas localizações, muitas das vezes periféricas e em normalmente em locais mais ou menos afastados dos perímetros ou centros urbanos.

Em todo o caso, não será também defensável a total centralização dos equipamentos.

No entanto, julgo ser correcto defender a localização dos parques temáticos nas zonas de boas acessibilidades e de razoável densidade habitacional. Os espaços de lazer dependem de muitas condições naturais específicas e nos quais é necessário combater a sazonalidade. Mas dependem, acima de tudo, da capacidade de gerar vivência.

Porque o sucesso e a maturidade de um determinado espaço público, depende, dos contactos e das inter-relações entre diferentes e variados indivíduos.

Fiscalizando, sem condicionar. Coexistindo, sem intrometer.

Porque se deve tentar, que o lazer, em espaços públicos, não se torne perigoso...

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma solução para esse tipo de problemas, talvez passe por uma abertura da sociedade relativamente à legalização da prostituição e às salas de chuto.
Talvez não acabasse de vez com este flagelo mas seria certamente um princípio....

Cumprimentos