terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Madeira e Aluviões
(Planta do Funchal, Brigadeiro Reinaldo Oudinot, 1804)
As minhas primeiras palavras são de solidariedade para com os habitantes da Madeira, neste momento de tamanha consternação motivado pela catástrofe que atingiu a Ilha no passado Sábado, 20 de Fevereiro.
E, porque entendo que estas alturas não são próprias para procurar culpados, talvez os dados que consegui recolher possam ser úteis para melhor ajuizarmos o que está, de facto, em causa.
A actividade vulcânica submarina que formou as ilhas do Arquipélago da Madeira, actualmente adormecida, criou-lhes um relevo único e peculiar. Em milhões de anos, estas ilhas do Atlântico Norte contaram com agentes da natureza que as modificaram até à actualidade.
De entre esses agentes, a acção da água das chuvas e do mar, foram preponderantes no moldar o relevo das ilhas, que quimicamente e mecanicamente desgastaram as diferentes rochas vulcânicas.
Daí, há que identificar objectivamente, os desastres naturais que tradicionalmente acontecem na Madeira desde há séculos até a actualidade: as enxurradas (aluviões), as derrocadas, os “tsunamis” e os sismos (com pouca frequência).
No caso do passado fim-de-semana, tratou-se de um Aluvião, com dimensões similares aos desastres de 1724, 1803, 1815 ou 1993 (este último com menos vítimas).
- Tanto antes como depois, verificaram-se, até aos dias de hoje, vários desastres naturais deste género na Madeira.
Por isso, mesmo correndo o risco de ser considerado, para muita gente, “politicamente incorrecto”, não alinho, assim de repente, na tese do “caos urbanístico” e “desordenamento urbano”...
Acredito mais que a dimensão do fenómeno meteorológico ou natural explique, na generalidade, o sucedido. Independentemente de existirem (como existiriam e existirão), inúmeras construções mal implantadas que, não ajudaram, em nada, á garantia da boa permeabilidade dos solos.
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