terça-feira, 30 de outubro de 2007

Às vezes...

De quando em vez, “torna-se importante” fazer um breve diagnóstico da sociedade em que vivemos – a tal sociedade globalizante, da modernidade e da cultura.

Mas, essa dita sociedade, a tal sociedade cosmopolita europeia, é progressivamente alienada, fruto da multiplicidade de problemas que nos rodeiam e que teimam em se perpetuar por esses tempos fora. Pelo menos, é isso que eu penso (às vezes) deste pequeno “paraíso” à beira mar plantado a que se chama Portugal.

A vida complica-se a cada passo e diariamente somos confrontados com problemas que não entendemos mas que no fundo fazem parte do nosso quotidiano. É porque há Ota; é porque não há Ota; é porque é Lisboa e deveria ser no Porto; é porque a instituição bancária deve atingir um score inigualável e lucros inimagináveis; é porque se perdoam dívidas de milhões; é porque o nosso salário mínimo é metade do dos nossos vizinhos espanhóis; é porque cada vez mais não temos privacidade; é porque há muitas “ASAE” por aí ao virar da esquina...
Ao nível regional, podemos dizer: é porque o metro só fica ali a “pisar” o Douro; é porque choveu em níveis anormais e entupiram-se as sarjetas; é porque as nossas estradas mais se parecem com os mais duros picaderos; é porque em pleno século XXI ainda não sabemos o que é o saneamento básico e o seu efectivo funcionamento; é porque a água das nossas fontes não nos oferece qualquer tipo de garantias; é porque cada vez mais, as nossas crianças e jovens não têm parques para se recrearem; é porque a deslocalização de uma qualquer indústria está eminente e amanhã poderá estar num outro país, deixando sem emprego várias centenas de famílias; etc, etc, etc...

O nosso país vive numa (in)cultura pós-ideológica, em que o discurso político praticamente não existe e quando o há, é desprovido de uma ideologia identificável e acima de tudo desprovido de paixão.
Desapareceram os conflitos ideológicos para se multiplicarem grupos ou grupinhos de interesses.
Infelizmente, da política parece restar a representação. Do desenvolvimento parece restar encenação...

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