(Da memória à criação de uma forte identidade)
As cidades, como as civilizações, nascem, crescem, declinam e morrem quando lhes faltam os recursos que as mantêm vivas e, acima de tudo, quando não possuem um projecto de vida próprio.
A generalidade das cidades em que hoje vivemos, enquanto estruturas em permanente mutação, sofrem os efeitos das pressões submetidas pela sociedade, baseada na produção lucrativa e orientada para a sua maximização.
A diminuição do espaço disponível, nas zonas mais centrais das cidades, provoca o aumento do valor dos respectivos terrenos, ficando estes apenas ao alcance das actividades ligadas ao ramo imobiliário, relegando a primazia do espaço público para as periferias e, muitas vezes, para um segundo plano.
Por onde andam as Praças, as Avenidas, as Alamedas, os Largos, os Jardins, ... , verdadeiros exemplos de qualificação da cidade antiga?
Afinal de contas não serão, esses elementos urbanos, fundamentais para a definição de “memórias colectivas”, para a consciencialização global de melhores “vivências”?
Não serão este tipo de elementos urbanos os verdadeiros responsáveis pela identificação de um lugar? De uma Cidade?
- Julgo que sim...
No entanto, nos dias que vão correndo, a cidade convencional é estimulada a crescer irreversivelmente, quase “sem alma”, ao mesmo tempo que a concentração da população que nela encontramos, corre o risco de viver com a inexistência de um espaço vital e humanizado, cada vez mais impessoal, onde as pessoas se acotovelam nos passeios (quando estes existem) e o transito automóvel invade todos os lugares.
Portanto, é extremamente pertinente que se discuta a cidade. É fundamental haver um sério e amplo debate entre todos os seus habitantes, no sentido de se encontrarem mais soluções para a definição de uma filosofia de desenvolvimento e para o reforço da identidade de cada terra.
Como já dizia Ebenezer Howard em 1898, o pioneiro moderno da descentralização da cidade industrial, com a invenção da cidade-jardim, o pensamento sobre a cidade assenta em 3 princípios fundamentais:
- A terra devia pertencer à comunidade;
- Todas as pessoas deviam estar envolvidas no planeamento;
- Devia haver harmonia entre o espaço construído e o ambiente natural.
Hoje, tal como em 1898, é fundamental que as pessoas “vivam” verdadeiramente o espaço onde moram... Porque a terra ainda lhes pertence...
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