De quando em vez, “torna-se importante” fazer um breve diagnóstico da sociedade em que vivemos – a tal sociedade globalizante, da modernidade e da cultura.
Mas, essa dita sociedade, a tal sociedade cosmopolita europeia, é progressivamente alienada, fruto da multiplicidade de problemas que nos rodeiam e que teimam em se perpetuar por esses tempos fora. Pelo menos, é isso que eu penso (às vezes) deste pequeno “paraíso” à beira mar plantado a que se chama Portugal.
A vida complica-se a cada passo e diariamente somos confrontados com problemas que não entendemos mas que no fundo fazem parte do nosso quotidiano. É porque há Ota; é porque não há Ota; é porque é Lisboa e deveria ser no Porto; é porque a instituição bancária deve atingir um score inigualável e lucros inimagináveis; é porque se perdoam dívidas de milhões; é porque o nosso salário mínimo é metade do dos nossos vizinhos espanhóis; é porque cada vez mais não temos privacidade; é porque há muitas “ASAE” por aí ao virar da esquina...
Ao nível regional, podemos dizer: é porque o metro só fica ali a “pisar” o Douro; é porque choveu em níveis anormais e entupiram-se as sarjetas; é porque as nossas estradas mais se parecem com os mais duros picaderos; é porque em pleno século XXI ainda não sabemos o que é o saneamento básico e o seu efectivo funcionamento; é porque a água das nossas fontes não nos oferece qualquer tipo de garantias; é porque cada vez mais, as nossas crianças e jovens não têm parques para se recrearem; é porque a deslocalização de uma qualquer indústria está eminente e amanhã poderá estar num outro país, deixando sem emprego várias centenas de famílias; etc, etc, etc...
O nosso país vive numa (in)cultura pós-ideológica, em que o discurso político praticamente não existe e quando o há, é desprovido de uma ideologia identificável e acima de tudo desprovido de paixão.
Desapareceram os conflitos ideológicos para se multiplicarem grupos ou grupinhos de interesses.
Infelizmente, da política parece restar a representação. Do desenvolvimento parece restar encenação...
terça-feira, 30 de outubro de 2007
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Mais uma vez, Niemeyer...
"Se minha música fosse monumento, teria os traços de Niemeyer. Teria as curvas livres e sensuais que contornam o corpo feminino, os rios, as nuvens, as montanhas e a natureza do meu país. O curso sinuoso da melodia, dos ritmos e das pausas contornariam cada curva e cada obra figurando um traço novo, contemporâneo, universal. Niemeyer é um dos nossos mestres, o símbolo de potencial realizado pelo Brasil, ele consegue traduzir em suas obras nossa brasilidade e nossa gente em todas as suas dimensões da vida nacional. Seu centenário muito nos dignifica e nos traz uma bagagem inestimável para a Cultura Brasileira".
por, Gilberto Passos Gil Moreira
(Ministro de Estado da Cultura do Brasil)
por, Gilberto Passos Gil Moreira
(Ministro de Estado da Cultura do Brasil)
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
CO-INCINERAÇÃO GERAL
É um facto que Portugal, como qualquer outro país, produz resíduos industriais perigosos (RIP) a que é necessário dar um destino. Talvez a incineração não seja o melhor, mas é o que se faz em muitos locais e, nalguns casos, em unidades especificamente construídas para o efeito (Incineração Dedicada) e noutros, através da queima em cimenteiras (Co-Incineração).
Portanto, partamos do princípio que, a curto prazo só existirão estas duas alternativas. Há aspectos positivos e negativos em ambas. Assim, discuta-se o problema base.
Foi nomeada uma Comissão Científica Independente (CCI) que, depois de alguns estudos se pronunciou em favor da Co-Incineração, da queima em cimenteiras e, neste caso em particular, nas localidades de Souselas e Outão.
Parto do princípio que a comunidade científica terá toda a legitimidade para se pronunciar relativamente a este assunto, tanto na essência do problema como na sua localização. Se assim não fosse, mais valia que se deixassem de formar técnicos nas nossas universidades e, tudo poderia ser decidido ao sabor de uma qualquer pressão contestatária.
Também é verdade que entendo o pleno direito de todos os cidadãos discordarem e se for caso disso, participarem em manifestações de desagrado, conforme a linha do seu próprio pensamento. Aliás, não concebo a democracia sem esse pleno direito de participar na discussão e resolução dos problemas.
No entanto, depois de Souselas ser um dos locais escolhidos, levando a que os habitantes de Coimbra tivessem um acesso de indignação colectiva (bem como uma grande percentagem de portugueses), achei estranho que, pessoas com responsabilidades ao nível da sociedade, não viessem a público discutir de forma saudável o problema.
É que toda a gente se indigna por ver Souselas como um dos locais escolhidos para a Co-Incineração, mas ninguém se indigna por, nessa mesma localidade existir uma cimenteira e respectiva lixeira adjacente, bem como toda a poluição que daí advêm.
Gostava de ver esses indignados a defender com tanto afinco as linhas de água, a despoluição dos rios, a diminuição da emissão de fumos e dióxidos das indústrias poluentes, a eliminação de uma vez por todas das lixeiras a céu aberto.
Gostava de saber se essas pessoas fazem algum esforço para assegurar a famosa política dos 3 R’s, mesmo nas suas próprias casas (Reduzir, Reutilizar, Reciclar).
Gostava ainda de saber se, caso essa Co-Incineração fosse num qualquer concelho de Aveiro, os mesmos indignados teriam a mesma posição.
Não, o importante é que não seja em Coimbra, até porque esta cidade tem uma maneira de ser especial. Logo Coimbra que “nos deu” tantos doutores e páginas de literatura.
Em Souselas poderemos contar com uma excepção? A cimenteira pode produzir lixo a céu aberto desde que se não fale em co-incineração?
Só faltava os deputados da Nação e o Governo Central decretarem esta área com um regime especial.
Neste debate sobre a co-incineração há quase uma absoluta falta de razão.
Era preferível que se dessem explicações ao público em geral de quais são as verdadeiras vantagens e desvantagens deste processo. Era preferível que se começasse um trabalho de base nas nossas escolas, na nossa sociedade, no sentido de todas as pessoas se mobilizarem num verdadeiro espírito ecológico. O esforço que deveria ser feito era o de comunicar e fornecer todos os dados concretos acerca da problemática ambiental, a todos aqueles que, mais de perto irão viver o problema no seu dia-a-dia. As pessoas têm de se sentir seguras para acreditarem no processo.
Defendo que se invista na construção de unidades específicas para o efeito (Incineração Dedicada). Para isso, faça-se uma investigação e estudos rigorosos e comece-se a dar provas de que o ambiente é realmente olhado da forma como merece, ou seja, que o ambiente é visto como um factor basilar de desenvolvimento e de qualidade de vida dos cidadãos.
Para que estes processos resultem é necessário que as pessoas acreditem nos mesmos.
Nessa perspectiva, os organismos públicos têm de dar o exemplo, promovendo acções de sensibilização, acompanhamento e, como é evidente, obras de qualidade.
(algures em Janeiro de 2002)
Portanto, partamos do princípio que, a curto prazo só existirão estas duas alternativas. Há aspectos positivos e negativos em ambas. Assim, discuta-se o problema base.
Foi nomeada uma Comissão Científica Independente (CCI) que, depois de alguns estudos se pronunciou em favor da Co-Incineração, da queima em cimenteiras e, neste caso em particular, nas localidades de Souselas e Outão.
Parto do princípio que a comunidade científica terá toda a legitimidade para se pronunciar relativamente a este assunto, tanto na essência do problema como na sua localização. Se assim não fosse, mais valia que se deixassem de formar técnicos nas nossas universidades e, tudo poderia ser decidido ao sabor de uma qualquer pressão contestatária.
Também é verdade que entendo o pleno direito de todos os cidadãos discordarem e se for caso disso, participarem em manifestações de desagrado, conforme a linha do seu próprio pensamento. Aliás, não concebo a democracia sem esse pleno direito de participar na discussão e resolução dos problemas.
No entanto, depois de Souselas ser um dos locais escolhidos, levando a que os habitantes de Coimbra tivessem um acesso de indignação colectiva (bem como uma grande percentagem de portugueses), achei estranho que, pessoas com responsabilidades ao nível da sociedade, não viessem a público discutir de forma saudável o problema.
É que toda a gente se indigna por ver Souselas como um dos locais escolhidos para a Co-Incineração, mas ninguém se indigna por, nessa mesma localidade existir uma cimenteira e respectiva lixeira adjacente, bem como toda a poluição que daí advêm.
Gostava de ver esses indignados a defender com tanto afinco as linhas de água, a despoluição dos rios, a diminuição da emissão de fumos e dióxidos das indústrias poluentes, a eliminação de uma vez por todas das lixeiras a céu aberto.
Gostava de saber se essas pessoas fazem algum esforço para assegurar a famosa política dos 3 R’s, mesmo nas suas próprias casas (Reduzir, Reutilizar, Reciclar).
Gostava ainda de saber se, caso essa Co-Incineração fosse num qualquer concelho de Aveiro, os mesmos indignados teriam a mesma posição.
Não, o importante é que não seja em Coimbra, até porque esta cidade tem uma maneira de ser especial. Logo Coimbra que “nos deu” tantos doutores e páginas de literatura.
Em Souselas poderemos contar com uma excepção? A cimenteira pode produzir lixo a céu aberto desde que se não fale em co-incineração?
Só faltava os deputados da Nação e o Governo Central decretarem esta área com um regime especial.
Neste debate sobre a co-incineração há quase uma absoluta falta de razão.
Era preferível que se dessem explicações ao público em geral de quais são as verdadeiras vantagens e desvantagens deste processo. Era preferível que se começasse um trabalho de base nas nossas escolas, na nossa sociedade, no sentido de todas as pessoas se mobilizarem num verdadeiro espírito ecológico. O esforço que deveria ser feito era o de comunicar e fornecer todos os dados concretos acerca da problemática ambiental, a todos aqueles que, mais de perto irão viver o problema no seu dia-a-dia. As pessoas têm de se sentir seguras para acreditarem no processo.
Defendo que se invista na construção de unidades específicas para o efeito (Incineração Dedicada). Para isso, faça-se uma investigação e estudos rigorosos e comece-se a dar provas de que o ambiente é realmente olhado da forma como merece, ou seja, que o ambiente é visto como um factor basilar de desenvolvimento e de qualidade de vida dos cidadãos.
Para que estes processos resultem é necessário que as pessoas acreditem nos mesmos.
Nessa perspectiva, os organismos públicos têm de dar o exemplo, promovendo acções de sensibilização, acompanhamento e, como é evidente, obras de qualidade.
(algures em Janeiro de 2002)
"Esperança"
"Quero que sejas
a última palavra
da minha boca.
A mortalha de sol
que me cubra e resuma.
Mas como à despedida só há uma bruma
no entendimento,
e o próprio alento
atraiçoa a vontade,
grito agora o teu nome aos quatro ventos.
Juro-te, enquanto posso, lealdade
por toda a vida e em todos os momentos".
por Miguel Torga
(para que Caldas de S. Jorge possa, verdadeiramente, encontrar o seu desígnio...)
a última palavra
da minha boca.
A mortalha de sol
que me cubra e resuma.
Mas como à despedida só há uma bruma
no entendimento,
e o próprio alento
atraiçoa a vontade,
grito agora o teu nome aos quatro ventos.
Juro-te, enquanto posso, lealdade
por toda a vida e em todos os momentos".
por Miguel Torga
(para que Caldas de S. Jorge possa, verdadeiramente, encontrar o seu desígnio...)
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Fazedores de Sonhos
Como dizia Le Corbusier, “...O objectivo da construção é manter as coisas de pé. O da arquitectura é emocionar-nos...”.
Uma ideia em arquitectura só tem existência plena quando é materializada pela construção. Os arquitectos, antes do mais, são criadores que podem tornar realidade as suas concepções de espaço e forma.
Neste processo, o papel do arquitecto é fazer coincidir dois universos muito diferentes: o da concepção e o da construção.
Se o universo da concepção é simbólico, abstracto e emotivo, o da construção é objectivo, material e concreto. Trata-se de “escrever poesia” com pedra, madeira, betão ou vidro.
Ao projectar, o arquitecto é sempre confrontado com a necessidade de descrever realidades que ainda não existem. Usam-se para isso meios de simulação como desenhos ou maquetas. Simulam-se realidades com outras realidades.
Mas, é também necessário justificar a concepção.
Como aquilo que desenhamos implica sempre em algo mais que o seu sentido evidente e imediato, a compreensão de um projecto só é atingida quando se descrevem significados e intenções, quando se explicam simbologias e desejos. São gestos pessoais, quase íntimos.
Ultimamente, a arquitectura tem sido motivo de referência nas capas de revistas e jornais no nosso país. Aliás, já não era sem tempo.
Na verdade, as pessoas começam a não ser indiferentes perante uma determinada obra, uma determinada construção, enfim, uma determinada concepção. Exemplo disso foi o que a Expo98 gerou no nosso país. Além de Ter projectado o nosso país a nível internacional, foi uma forma de recuperar parte de uma cidade que, dificilmente poderia gerar um desenvolvimento integrado e sustentado. Foi também uma grande manifestação do que de melhor se faz ao nível conceptual e tecnológico na área da arquitectura.
Mais recentemente, o Prémio Pessoa foi atribuído à arquitectura e mais especificamente ao arquitecto portuense Eduardo Souto de Moura. Apesar de ser a primeira vez que tal galardão é entregue a um profissional desta área, foi, sem dúvida, o reconhecimento de uma obra que, por incrível que pareça, é reconhecida no exterior muito antes de o ser em Portugal.
No nosso concelho existem também obras que, pela sua importância e qualidade arquitectónica merecem relevo. Estou a falar do mercado municipal, cuja concepção pertence ao grande mestre Fernando Távora, e que levou, em congressos internacionais de arquitectura - CIAM’S o nome da nossa terra a vários pontos do mundo e que ainda se vê presente em vários livros da especialidade. Realmente é uma grande obra. Uma obra que convida ao encontro das pessoas (assim se sente, quando se lá está). No entanto, penso também que tudo tem o seu percurso, tudo tem o seu tempo. A finalidade com que foi criado encontra-se agora um pouco infundada. O mercado, na verdadeira definição da palavra, não funciona (meia dúzia de vendedoras insistem em vender aos feirenses quilos de simpatia, legumes e fruta fresca e ainda algum peixe – honra lhes seja feita). Porquê, além desses comerciantes não o tornar num ponto de maior atractividade e um polo aglutinador de vivências e de encontros. Porque não dotá-lo de um bar/esplanada de qualidade?
Ainda no campo da arquitectura, e para finalizar, à semelhança do que escrevi à algum tempo, gostaria de deixar a sugestão de ser criado o Prémio Municipal de Arquitectura. Seria uma excelente forma homenagem a estas “estórias” e de incentivo aos jovens técnicos do nosso concelho no sentido de promoverem mais e melhor arquitectura.
De fazerem mais sonhos...
(Abril de 1999, in "Terras da Feira")
Uma ideia em arquitectura só tem existência plena quando é materializada pela construção. Os arquitectos, antes do mais, são criadores que podem tornar realidade as suas concepções de espaço e forma.
Neste processo, o papel do arquitecto é fazer coincidir dois universos muito diferentes: o da concepção e o da construção.
Se o universo da concepção é simbólico, abstracto e emotivo, o da construção é objectivo, material e concreto. Trata-se de “escrever poesia” com pedra, madeira, betão ou vidro.
Ao projectar, o arquitecto é sempre confrontado com a necessidade de descrever realidades que ainda não existem. Usam-se para isso meios de simulação como desenhos ou maquetas. Simulam-se realidades com outras realidades.
Mas, é também necessário justificar a concepção.
Como aquilo que desenhamos implica sempre em algo mais que o seu sentido evidente e imediato, a compreensão de um projecto só é atingida quando se descrevem significados e intenções, quando se explicam simbologias e desejos. São gestos pessoais, quase íntimos.
Ultimamente, a arquitectura tem sido motivo de referência nas capas de revistas e jornais no nosso país. Aliás, já não era sem tempo.
Na verdade, as pessoas começam a não ser indiferentes perante uma determinada obra, uma determinada construção, enfim, uma determinada concepção. Exemplo disso foi o que a Expo98 gerou no nosso país. Além de Ter projectado o nosso país a nível internacional, foi uma forma de recuperar parte de uma cidade que, dificilmente poderia gerar um desenvolvimento integrado e sustentado. Foi também uma grande manifestação do que de melhor se faz ao nível conceptual e tecnológico na área da arquitectura.
Mais recentemente, o Prémio Pessoa foi atribuído à arquitectura e mais especificamente ao arquitecto portuense Eduardo Souto de Moura. Apesar de ser a primeira vez que tal galardão é entregue a um profissional desta área, foi, sem dúvida, o reconhecimento de uma obra que, por incrível que pareça, é reconhecida no exterior muito antes de o ser em Portugal.
No nosso concelho existem também obras que, pela sua importância e qualidade arquitectónica merecem relevo. Estou a falar do mercado municipal, cuja concepção pertence ao grande mestre Fernando Távora, e que levou, em congressos internacionais de arquitectura - CIAM’S o nome da nossa terra a vários pontos do mundo e que ainda se vê presente em vários livros da especialidade. Realmente é uma grande obra. Uma obra que convida ao encontro das pessoas (assim se sente, quando se lá está). No entanto, penso também que tudo tem o seu percurso, tudo tem o seu tempo. A finalidade com que foi criado encontra-se agora um pouco infundada. O mercado, na verdadeira definição da palavra, não funciona (meia dúzia de vendedoras insistem em vender aos feirenses quilos de simpatia, legumes e fruta fresca e ainda algum peixe – honra lhes seja feita). Porquê, além desses comerciantes não o tornar num ponto de maior atractividade e um polo aglutinador de vivências e de encontros. Porque não dotá-lo de um bar/esplanada de qualidade?
Ainda no campo da arquitectura, e para finalizar, à semelhança do que escrevi à algum tempo, gostaria de deixar a sugestão de ser criado o Prémio Municipal de Arquitectura. Seria uma excelente forma homenagem a estas “estórias” e de incentivo aos jovens técnicos do nosso concelho no sentido de promoverem mais e melhor arquitectura.
De fazerem mais sonhos...
(Abril de 1999, in "Terras da Feira")
Mais Arquitectura
Nos últimos anos, a Arquitectura e o Urbanismo têm conhecido uma ampla divulgação o que desenrola muitas vezes bons e acesos debates.
De facto, a comunicação social, não deixa de dar atenção às obras e aos projectos mais interessantes ou polémicos.
Assim sendo, verifica-se um crescente diálogo entre a sociedade e a arquitectura (ou vice-versa) que há alguns anos não existia.
O ambiente também começa a ser discutido em larga escala sendo a sua inter-relação com a arquitectura e o urbanismo notória, ou não se preocupassem estas disciplinas com o quadro de vida das populações. Veja-se o caso dos molhes da Foz do Douro.
Este interesse público torna-se um factor essencial para que todo esse processo de (re)organização dos espaços e das vivências caminhe no sentido de salvaguardar a componente social que a arquitectura e o urbanismo devem assumir.
É verdade que a arquitectura não depende só dos Arquitectos. Ela tem de obedecer a “lógicas” de programas, a interesses dos investidores, e outros que, muitas das vezes podem chocar com aquilo que seria aceitável. Desde há alguns anos que a Associação dos Arquitectos, recentemente designada Ordem dos Arquitectos, se tem debatido para que haja uma maior intervenção dos seus associados em todo o tipo de obras e lhes seja dada independência profissional, clarificando e definindo assim a fronteira entre os mais diversos técnicos.
O que se tem passado, principalmente fora dos centros urbanos, é a proliferação de construções que escapam às boas intenções dos planos de urbanização, planos de pormenor e mesmo planos directores, projectos e construções de má qualidade, quase sempre feitos por amadores ou mesmo pseudo-profissionais sem as desejadas competências. Faltam os equipamentos, os espaços de recreio e ainda a necessária diversidade tipológica.
Apesar de muitas autarquias se estarem a esforçar para atenuar este mal, existem no entanto, marcas já difíceis de reabilitar.
Assim, ter-se-á que rever todo o processo de ocupação dos solos, com um planeamento e intervenção directa de arquitectos (que já começa a existir), os quais têm obrigação de contribuírem para uma melhoria do estado das coisas. Os centros históricos têm obrigatoriamente de deixar de ser locais onde a massificação desenfreada de construções chocam com os verdadeiros valores socioculturais das populações. Porque a arquitectura é mais do que a simples construção: tem aspectos de qualificação do espaço.
No nosso pais, temos arquitectos que se destacam a nível internacional, com a mais representativa figura de Álvaro Siza, muito bem cotado no ranking mundial; começam também a existir várias publicações nacionais e internacionais que reproduzem projectos portugueses, enfim, é a imprensa a dar o devido relevo.
É chegada, pois, a hora de reconhecer o interesse público pela Arquitectura enquanto arte e ciência, enquanto organiza, qualifica e humaniza o espaço. Exigir produções de qualidade através das respectivas responsabilidades.
Uma das coisas que me tem passado pela cabeça é a ideia de propor à nossa autarquia (Câmara Municipal de Santa Maria da Feira) a criação do PRÉMIO MUNICIPAL DE ARQUITECTURA, o qual poderá incentivar os profissionais do concelho ou as obras realizada no concelho, a uma maior qualidade e assim, influenciar e imbuir neste espírito as actuais e novas gerações.
Há muito que construir. Para isso os arquitectos deverão ser agentes privilegiados de intervenção através da interdisciplinaridade que hoje se exige. É preciso que o direito à arquitectura chegue a todos, dentro de um quadro de competitividade que tenha por critério a qualidade técnica e cultural.
Logo, mais arquitectura quer dizer também melhor arquitectura e maiores responsabilidades daqueles que concebem o espaço em que todos vivemos.
(Setembro de 1998, in "Terras da Feira")
De facto, a comunicação social, não deixa de dar atenção às obras e aos projectos mais interessantes ou polémicos.
Assim sendo, verifica-se um crescente diálogo entre a sociedade e a arquitectura (ou vice-versa) que há alguns anos não existia.
O ambiente também começa a ser discutido em larga escala sendo a sua inter-relação com a arquitectura e o urbanismo notória, ou não se preocupassem estas disciplinas com o quadro de vida das populações. Veja-se o caso dos molhes da Foz do Douro.
Este interesse público torna-se um factor essencial para que todo esse processo de (re)organização dos espaços e das vivências caminhe no sentido de salvaguardar a componente social que a arquitectura e o urbanismo devem assumir.
É verdade que a arquitectura não depende só dos Arquitectos. Ela tem de obedecer a “lógicas” de programas, a interesses dos investidores, e outros que, muitas das vezes podem chocar com aquilo que seria aceitável. Desde há alguns anos que a Associação dos Arquitectos, recentemente designada Ordem dos Arquitectos, se tem debatido para que haja uma maior intervenção dos seus associados em todo o tipo de obras e lhes seja dada independência profissional, clarificando e definindo assim a fronteira entre os mais diversos técnicos.
O que se tem passado, principalmente fora dos centros urbanos, é a proliferação de construções que escapam às boas intenções dos planos de urbanização, planos de pormenor e mesmo planos directores, projectos e construções de má qualidade, quase sempre feitos por amadores ou mesmo pseudo-profissionais sem as desejadas competências. Faltam os equipamentos, os espaços de recreio e ainda a necessária diversidade tipológica.
Apesar de muitas autarquias se estarem a esforçar para atenuar este mal, existem no entanto, marcas já difíceis de reabilitar.
Assim, ter-se-á que rever todo o processo de ocupação dos solos, com um planeamento e intervenção directa de arquitectos (que já começa a existir), os quais têm obrigação de contribuírem para uma melhoria do estado das coisas. Os centros históricos têm obrigatoriamente de deixar de ser locais onde a massificação desenfreada de construções chocam com os verdadeiros valores socioculturais das populações. Porque a arquitectura é mais do que a simples construção: tem aspectos de qualificação do espaço.
No nosso pais, temos arquitectos que se destacam a nível internacional, com a mais representativa figura de Álvaro Siza, muito bem cotado no ranking mundial; começam também a existir várias publicações nacionais e internacionais que reproduzem projectos portugueses, enfim, é a imprensa a dar o devido relevo.
É chegada, pois, a hora de reconhecer o interesse público pela Arquitectura enquanto arte e ciência, enquanto organiza, qualifica e humaniza o espaço. Exigir produções de qualidade através das respectivas responsabilidades.
Uma das coisas que me tem passado pela cabeça é a ideia de propor à nossa autarquia (Câmara Municipal de Santa Maria da Feira) a criação do PRÉMIO MUNICIPAL DE ARQUITECTURA, o qual poderá incentivar os profissionais do concelho ou as obras realizada no concelho, a uma maior qualidade e assim, influenciar e imbuir neste espírito as actuais e novas gerações.
Há muito que construir. Para isso os arquitectos deverão ser agentes privilegiados de intervenção através da interdisciplinaridade que hoje se exige. É preciso que o direito à arquitectura chegue a todos, dentro de um quadro de competitividade que tenha por critério a qualidade técnica e cultural.
Logo, mais arquitectura quer dizer também melhor arquitectura e maiores responsabilidades daqueles que concebem o espaço em que todos vivemos.
(Setembro de 1998, in "Terras da Feira")
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
CHE
"O Guerrilheiro Argentino começara por liderar um grupo com 23 Bolivianos, 16 Cubanos e 3 Peruanos, mas já eram menos de um terço. Quando caiu na emboscada de militares bolivianos e agentes da CIA, "Che" Guevara rendeu-se. Ao meio-dia de 9 de Outubro de 1967, o sargento Mário Terán apareceu-lhe à frente e Guevara disse-lhe: "Tenha calma e aponte bem. Você vai matar um Homem". Mas Terán disparou de olhos fechados.
Matou "Che", que tinha 39 nos e o projecto de levar a revolução à Bolívia, como o havia feito em Cuba".
Quarenta anos depois, o regime Cubano lembrou o seu herói.
("..." coisas da Sabado)
Hasta la Victoria Siempre
CIDADES... PARA TODOS
(Da memória à criação de uma forte identidade)
As cidades, como as civilizações, nascem, crescem, declinam e morrem quando lhes faltam os recursos que as mantêm vivas e, acima de tudo, quando não possuem um projecto de vida próprio.
A generalidade das cidades em que hoje vivemos, enquanto estruturas em permanente mutação, sofrem os efeitos das pressões submetidas pela sociedade, baseada na produção lucrativa e orientada para a sua maximização.
A diminuição do espaço disponível, nas zonas mais centrais das cidades, provoca o aumento do valor dos respectivos terrenos, ficando estes apenas ao alcance das actividades ligadas ao ramo imobiliário, relegando a primazia do espaço público para as periferias e, muitas vezes, para um segundo plano.
Por onde andam as Praças, as Avenidas, as Alamedas, os Largos, os Jardins, ... , verdadeiros exemplos de qualificação da cidade antiga?
Afinal de contas não serão, esses elementos urbanos, fundamentais para a definição de “memórias colectivas”, para a consciencialização global de melhores “vivências”?
Não serão este tipo de elementos urbanos os verdadeiros responsáveis pela identificação de um lugar? De uma Cidade?
- Julgo que sim...
No entanto, nos dias que vão correndo, a cidade convencional é estimulada a crescer irreversivelmente, quase “sem alma”, ao mesmo tempo que a concentração da população que nela encontramos, corre o risco de viver com a inexistência de um espaço vital e humanizado, cada vez mais impessoal, onde as pessoas se acotovelam nos passeios (quando estes existem) e o transito automóvel invade todos os lugares.
Portanto, é extremamente pertinente que se discuta a cidade. É fundamental haver um sério e amplo debate entre todos os seus habitantes, no sentido de se encontrarem mais soluções para a definição de uma filosofia de desenvolvimento e para o reforço da identidade de cada terra.
Como já dizia Ebenezer Howard em 1898, o pioneiro moderno da descentralização da cidade industrial, com a invenção da cidade-jardim, o pensamento sobre a cidade assenta em 3 princípios fundamentais:
- A terra devia pertencer à comunidade;
- Todas as pessoas deviam estar envolvidas no planeamento;
- Devia haver harmonia entre o espaço construído e o ambiente natural.
Hoje, tal como em 1898, é fundamental que as pessoas “vivam” verdadeiramente o espaço onde moram... Porque a terra ainda lhes pertence...
As cidades, como as civilizações, nascem, crescem, declinam e morrem quando lhes faltam os recursos que as mantêm vivas e, acima de tudo, quando não possuem um projecto de vida próprio.
A generalidade das cidades em que hoje vivemos, enquanto estruturas em permanente mutação, sofrem os efeitos das pressões submetidas pela sociedade, baseada na produção lucrativa e orientada para a sua maximização.
A diminuição do espaço disponível, nas zonas mais centrais das cidades, provoca o aumento do valor dos respectivos terrenos, ficando estes apenas ao alcance das actividades ligadas ao ramo imobiliário, relegando a primazia do espaço público para as periferias e, muitas vezes, para um segundo plano.
Por onde andam as Praças, as Avenidas, as Alamedas, os Largos, os Jardins, ... , verdadeiros exemplos de qualificação da cidade antiga?
Afinal de contas não serão, esses elementos urbanos, fundamentais para a definição de “memórias colectivas”, para a consciencialização global de melhores “vivências”?
Não serão este tipo de elementos urbanos os verdadeiros responsáveis pela identificação de um lugar? De uma Cidade?
- Julgo que sim...
No entanto, nos dias que vão correndo, a cidade convencional é estimulada a crescer irreversivelmente, quase “sem alma”, ao mesmo tempo que a concentração da população que nela encontramos, corre o risco de viver com a inexistência de um espaço vital e humanizado, cada vez mais impessoal, onde as pessoas se acotovelam nos passeios (quando estes existem) e o transito automóvel invade todos os lugares.
Portanto, é extremamente pertinente que se discuta a cidade. É fundamental haver um sério e amplo debate entre todos os seus habitantes, no sentido de se encontrarem mais soluções para a definição de uma filosofia de desenvolvimento e para o reforço da identidade de cada terra.
Como já dizia Ebenezer Howard em 1898, o pioneiro moderno da descentralização da cidade industrial, com a invenção da cidade-jardim, o pensamento sobre a cidade assenta em 3 princípios fundamentais:
- A terra devia pertencer à comunidade;
- Todas as pessoas deviam estar envolvidas no planeamento;
- Devia haver harmonia entre o espaço construído e o ambiente natural.
Hoje, tal como em 1898, é fundamental que as pessoas “vivam” verdadeiramente o espaço onde moram... Porque a terra ainda lhes pertence...
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Memórias...
(Congresso Nacional, Brasília)
"Deste planalto central desta solidão que em breve
se tornará em cérebro das altas decisões nacionais,
lanço os olhos mais uma vez sobre o amanha
do meu país e antevejo esta alvorada com fé
inquebrantável e uma confiança sem limites
no seu grande destino".
Brasília, 2 de Outubro de 1956
Por, Juscelino Kubitschek de Oliveira
Poucos lugares existirão tão distantes e tão... perfeitos, como a cidade de Lucio Costa e de Niemeyer.
Brasília é, de facto, uma das maiores maravilhas do mundo.
(Da minha visita em 29 de Julho, 1999)
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