quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O artesanato pode sobreviver ao design?

Estamos num tempo de franca globalização. Tudo se vende.
Certo tipo de artesanato medieval continua a vender-se nos locais especializados, até mesmo ao lado de produtos altamente sofisticados. No entanto, a verdade é que muitos desses produtos tradicionais já perderam a sua pertinência e carácter funcional, ficando apenas resignados ao seu papel meramente decorativo ou, no limite, de apetrecho de natureza kitsh (palavra sempre em voga nas saudosas aulas de Teoria do Design).
Serve esta pequena nota introdutória (ou conclusiva) para que se perceba que só a readaptação da cultura rural ou tradicional à urbanidade poderá fazer subsistir o artesanato.
Toda a gente sabe que a “selecção cultural” fará desaparecer toda e qualquer cultura que resista à evolução. É assim nos objectos, na música, na arquitectura.
O problema do artesanato é que não possui condições internas de adaptação e de redesenho em tempo útil, atendendo à lentidão do seu processo evolutivo bem como ao deficit de sensibilidade aos requisitos de natureza simbólica que, cada vez mais, o público contemporâneo procura.
No entanto, entramos aqui num paradoxo:
- Ao querer-mos que o design contribua para a preservação e para a evolução do artesanato, estamos, ao mesmo tempo, a fazer com que a arte tradicional se perca.
Assim, sendo o design uma forma evolutiva do artesanato, torna-se fundamental encontrar formas que atenuem as perdas da cultura tradicional directamente relacionadas.
Difícil?
- Claro que sim…

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