quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A hora das Cidades... mas também das periferias.

A reabilitação urbana parece ter entrado no vocabulário a na agenda da nossa classe política. Efectivamente, com os programas Polis, desenvolvidos nas principais cidades do país ou ainda numas quantas cidades de dimensão média ou pequena, parece começar a dar algum resultado.
Mas, poder-se-á chamar a isso uma verdadeira Política de Cidades?
Julgo que a resposta, embora longe de um consenso, é bem capaz de resvalar para a seguinte consideração: uma verdadeira política urbana é muito mais do que uns quantos relógios a contar o tempo que falta para o final das obras ou do que umas centenas de metros de lancil de granito alinhados sob um desenho mais ou menos linear…
No entanto, seria bem pior se não houvesse nada.
Note-se que, nestas coisas, entendo o unanimismo, um tanto ou quanto desnecessário, senão mesmo desprezível …
Mas, dizia eu, a resolução que criou o programa Polis “assumiu” claramente que a vida urbana se foi tornando ao longo das últimas décadas, sinónimo de “ausência de espaços públicos de qualidade”, de “carência de zonas de lazer” e de “aumento dos problemas de congestionamento de trânsito”. Por outro lado (algumas) más opções urbanísticas conduziram à desvirtuação dos centros históricos tradicionais e levaram à criação de bairros dormitórios periféricos às cidades onde a qualidade de vida urbana é manifestamente insuficiente.
Assim, admitindo que este processo de “rejuvenescimento” pode ser considerado um ponto de partida para o desejável aumento da qualidade de vida urbana nas nossas cidades, importa por isso começar a pensar num modelo similar a adoptar à escala local.
Tenho dado por mim a perguntar-me, passe o pleonasmo, há quanto tempo não surge uma praça, um jardim, uma alameda, um espaço público de referência nas nossas terras? Há quanto tempo?
É... Não nos podemos esquecer que as terras serão lembradas no futuro, não só pelas suas gentes, mas também pelos edifícios, conjunto de edifícios ou espaços urbanos de qualidade e de vivência acentuada.
Foi assim em toda a história. Será assim no futuro.
Claro está que, para isso, é necessário pensarmos a “cidade” não só como o centro nevrálgico e político de cada concelho, onde (sobre)vive muita gente, mas, pelo contrário, definir redes operativas e sistemas integrados de espaços colectivos que relacionem o centro (ou centros) com as ditas “periferias” (freguesias…).
É que… Também há “massa crítica” para lá do horizonte… Da cidade.
Soluções?
Quem sabe definindo com as Juntas de Freguesia e com as suas gentes, opções de desenvolvimento urbano e prioridades na implementação das obras de qualificação necessárias à afirmação e valorização das suas respectivas centralidades. No fundo, dar vida aos centros (urbanos ou menos urbanos) das terras.
Paralelamente, porque estas estratégias só resultam se o “povo” estiver para aí virado, é necessário que se recupere aquilo a que eu pomposamente costumo “apelidar” de investimento voluntarista no tecido social de solidariedade. Em suma, pôr a malta a conviver, a falar, a viver…
Mas, para isso, é fundamental haver locais e espaços públicos… De qualidade.

Sem comentários: