domingo, 9 de janeiro de 2022

Um dia...

 


Hoje, domingo chuvoso, li pela primeira vez a suposta “memória descritiva” do projecto “requalificação urbana da área envolvente às termas das Caldas de S. Jorge”.

Procurarei continuar a não entrar nas questões relacionadas com as opções estéticas e funcionais. Meramente por razões do foro deontológico: valores que “outros” esqueceram…

Mas, não ficaria bem com a minha própria consciência caso não partilhasse convosco a lamentável falta de rigor e de conhecimento daqueles que, à sombra de uma qualquer lapiseira ou teclado, foram conduzindo a um chorrilho de lamentáveis opções para o uso de um espaço que seria de todos. Que seria de todos nós.

Uma coisa é gostar-se mais ou menos do betão e da linha gráfica de um questionável modernismo. Outra coisa é, além do bacoco e pobre modernismo, assumir-se a veleidade de intervir num território com história, com vivência e com identidade, sem o conhecerem minimamente.

É absolutamente lamentável, para não aplicar outros adjectivos, o desconhecimento do nome das praças, largos e jardins onde se intervém.  Este local mereceria outro tipo de abordagem. Outro tipo de respeito.

- Jardim Nascente? Hã?

- Largo do Coreto? Como?

- Jardim central ou Rossio? O quê?

- Jardim poente (actual entrada das termas)? Pode repetir?

 

Nota-se, infelizmente, que esta intervenção há muito vaticinou o futuro.

Lamento. Lamento profundamente que assim seja(m). E que mantenham orgulhosa e inexplicavelmente uma conduta de desrespeito pelo património, pelo verde, por aquilo que estava bem, pela população (pelo menos por parte da população).

 

Um dia, se quiserem, talvez possam estudar e perceber o que significam ou representam para nós, verdadeiramente, os espaços:

- “Jardim Dr. Carlos Ribeiro”;

- “Largo Abbade Ignacio Antonio da Cunha, Descobridor das Águas Thermaes”;

- “Parque das Termas”;

- “Praça de S. Jorge”.

 

Mas isso, só um dia… um dia.

Quando não mais qualquer memória restar… quando o último carvalho sucumbir… quando a última gota do Uíma secar. Um dia…


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