Hoje, domingo chuvoso, li pela primeira vez a suposta “memória descritiva” do projecto “requalificação urbana da área envolvente às termas das Caldas de S. Jorge”.
Procurarei continuar a não entrar nas questões relacionadas
com as opções estéticas e funcionais. Meramente por razões do foro
deontológico: valores que “outros” esqueceram…
Mas, não ficaria bem com a minha própria consciência caso não
partilhasse convosco a lamentável falta de rigor e de conhecimento daqueles
que, à sombra de uma qualquer lapiseira ou teclado, foram conduzindo a um chorrilho
de lamentáveis opções para o uso de um espaço que seria de todos. Que seria de
todos nós.
Uma coisa é gostar-se mais ou menos do betão e da linha gráfica
de um questionável modernismo. Outra coisa é, além do bacoco e pobre modernismo,
assumir-se a veleidade de intervir num território com história, com vivência e
com identidade, sem o conhecerem minimamente.
É absolutamente lamentável, para não aplicar outros
adjectivos, o desconhecimento do nome das praças, largos e jardins onde se
intervém. Este local mereceria outro
tipo de abordagem. Outro tipo de respeito.
- Jardim Nascente? Hã?
- Largo do Coreto? Como?
- Jardim central ou Rossio? O quê?
- Jardim poente (actual entrada das termas)? Pode repetir?
Nota-se, infelizmente, que esta intervenção há muito vaticinou o futuro.
Lamento. Lamento profundamente que assim seja(m). E que
mantenham orgulhosa e inexplicavelmente uma conduta de desrespeito pelo património,
pelo verde, por aquilo que estava bem, pela população (pelo menos por parte da
população).
Um dia, se quiserem, talvez possam estudar e perceber o que significam ou representam para nós, verdadeiramente, os espaços:
- “Jardim Dr. Carlos Ribeiro”;
- “Largo Abbade Ignacio Antonio da Cunha, Descobridor das
Águas Thermaes”;
- “Parque das Termas”;
- “Praça de S. Jorge”.
Mas isso, só um dia… um dia.
Quando não mais qualquer memória restar… quando o último
carvalho sucumbir… quando a última gota do Uíma secar. Um dia…
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