Lavam. Lavam tudo.
Lavam. As “lavadeiras” da minha terra lavam tudo. Lavam as roupas, as suas mágoas, as suas frustrações.
As “lavadeiras” da minha terra lavam a roupa suja, impregnada de secreções da sua pele, lançadas por rios de suor, causado por dias e dias sem descanso. Trabalho por vezes duro, por vezes sujo, outras vezes limpo. Debaixo do sol, por vezes, impiedoso do Verão, do vento agreste que todos os Invernos varre as ruas e recantos da nossa aldeia.
As “lavadeiras” da minha terra lavam as suas mágoas, oriundas das dificuldades e carências desta sociedade, cada vez mais sedenta de vil metal, cujos meses longos são repletos de indesejáveis surpresas, e qui ça de enormes carências para colmatar. As doenças batem à porta, sem apelo.
A noite cai. Escura, sem lume. Triste.
As “lavadeiras” da minha terra lavam as suas frustrações. Cumprindo o velho ritual, carregam grandes “bacias” de frustrações que depositam sobre as pedras gastas de tanto esfregar.
E lavam. Lavam tudo.
Lavam a roupa, as suas mágoas e as suas frustrações...
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