A política está em baixa. De facto, nos últimos anos, tem vindo a ser desenvolvida a ideia de que ser político é mau e o que seria necessário era o aparecimento de pessoas técnica, política e socialmente competentes. Diz-se até, por alguns círculos, que a actividade política (partidária) começa a ficar "muito ao nível do assalto à mão armada".
Se, ao nível mais alto da política portuguesa, a tecnocracia está a invadir a área presidencial (veja-se que sendo o Presidente da República um cargo eminentemente político, já se fala que ainda bem que o Presidente percebe de economia), à medida que vamos descendo o patamar dos cargos políticos a coisa vai-se “ajustando”... para pior.
A permanente “disponibilidade dos mesmos… de sempre” continua omnipresente. Ele é uma candidatura a um qualquer lugar de Bruxelas, ele é a candidatura a uma qualquer câmara do país, ele é o “esforço” de fazer o favor de se sentar na Assembleia da República por mais quatro anos. Se não for num, pelo menos que haja a garantia de que se é “encaixado” no outro.
Já ao nível local, a coisa, embora a outro nível, também não deixa de ter o seu “quê” de “interessante”(?).
Se outrora para se ser candidato a uma qualquer câmara municipal ou junta de freguesia, havia que demonstrar, junto da dita sociedade civil, a bondade profissional e social de cada indivíduo, agora, a falta desses predicados não significa o não aparecimento de gente cuja experiência se resume a pouco mais que nada (mas que de tudo julga saber)…
Claro está que alguns dirão “…as portas sempre estiveram abertas… porque só agora… quem pode não se quer aborrecer e expôr… a democracia não escolhe idade, credo, cor, profissão…”, e por aí fora.
Tenho sobre isso, uma opinião clara. Provavelmente haverá que a não compreenda. Mas é a minha opinião. Fazer política é, fundamentalmente pensar. Falar. Quanto mais se está nas hierarquias políticas dos órgãos, menos se deveria ter uma atitude de gestão da carreira e de aparelho partidário, e muito maior deveria ser a atitude política e retórica do indivíduo.
Fazer política é também tomar decisões, mas não deve ser fazer contas. Se calhar, nem sequer é explicar contas. A responsabilidade é outra.
Fazer política é, por isso, saber ouvir, tomar decisões, escolher os melhores intervenientes e saber explicar. Falar. Demonstrar razão. Razão política. Apontar desígnios estratégicos de desenvolvimento.
Mas, nos últimos tempos, anda tudo trocado. Tudo se questiona. Com e sem argumentos (quase sempre).
Aliás, a falta de argumentos, as inverdades, a falta de vergonha e por vezes a calúnia são as características mais visíveis nos meios que se dizem políticos.
Mas continuo a afirmar que não pode valer tudo. As invejas, as “trocas”, o dito pelo não dito, o aproveitamento e apropriamento indevido de algo são coisas muito feias…
É por isso que as pessoas se afastam. É por isso que cada vez mais a abstenção se torna no destino mais provável do voto de muitos portugueses.
Porque muitos dos “políticos” que hoje despontam, não conseguem falar. Porque além de não terem aprendido a ser (bons) políticos, não são sequer bons técnicos.
São, entretanto, indivíduos que vamos ter que ir aguentando. Com ou sem razão!
(Post Scriptum: Post não direccionado. Apenas o pensamento de alguém que… anda por aí…)
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