Admito que alguns se recordem. Fez, neste início de mês, 12 anos.
Lembro-me bem o que foi receber em Caldas de S. Jorge reputadíssimos
especialistas do Instituto Superior Técnico de Lisboa e da Universidade de
Mimar Sinan e das Belas Artes de Istambul (Turquia).
Um salutar e interessante trabalho com técnicos e gente de cá. Durante 4 dias, “Um
olhar para o futuro”.
Como as ideias "estariam" actuais... Julgo.
“Átrium” das Termas, 21 horas do dia 2 de Abril. Noite fria, como quase todas
as noites desta terra também caracterizada pelo seu microclima. Sala cheia…
de gente. De gente que sente… de calor humano.
É destes encontros que, normalmente, resultam renovados desafios e congregadores
pontos de vista. Partilha de experiências, filosofias, métodos de abordagem.
Desígnios.
É fundamental (re)pensar a problemática do espaço urbano ou do espaço rural.
Reflectir, só ou em conjunto, com pessoas de cá e de outras paragens. Lembrar memórias, ponderar experiências sobre o tratamento do espaço
público.
Como sempre referi, as cidades nascem e crescem... mas também
declinam e morrem quando lhes faltam os recursos que as mantêm vivas e, acima
de tudo, quando não possuem um projecto de vida próprio.
E é pois esse projecto de vida colectivo das nossas aldeias, vilas e cidades que
importa pensar, no sentido da procura das melhores soluções para a
definição de uma filosofia de desenvolvimento e que contribua para o reforço e
valorização da sua identidade.
Todos, à nossa medida e à nossa escala, temos ideias para o espaço que nos
rodeia e nos envolve. E todas serão válidas. Por isso é que o processo de
planeamento deve ser participado. Por isso é que se realizam iniciativas como a
de 2009. Por isso é que se convoca a comunidade a estar presente.
Como dizia o saudoso amigo Costa Lobo, “…não deve haver receio em obter
outros pontos de partida... devemos estar disponíveis para a chamada terceira solução…”. Acrescentaria que
não devemos recear elevar a discussão em torno destas problemáticas dos
“sítios e lugares”, do ambiente, da ecologia, das memórias colectivas, da
relação entre o construído e o natural, da vivência de cada um e a sua relação com o conjunto de aspectos do quotidiano que nos envolve. É disso que
se trata.
O desafio é reforçar identidades. Um dia, quem sabe, os projectos e os sonhos talvez se possam transformar em realidade. No caso de Caldas de S. Jorge poderia referir, nomeadamente,
a definição de um programa operacional em torno da actividade termal e turística,
a relação das termas com a comunidade, a consolidação de dinâmicas ligadas
à natureza com base numa espécie de “riverway” em que o Uíma seja denominador comum, a
requalificação do espaço construído e degradado no qual se inclui, entre outros,
a “Casa da Pines” enquanto “pousada de charme” ou até a criação de condições para a instalação da “casa/museu da puericultura, do brinquedo
e dos carrinhos de bebé”... ou ainda o desejo de voltar a sentir e respirar uma
certa brisa quente com ligeiro toque a enxofre.
Para que isso seja possível, é fundamental que se gerem discussões e debates. É
fundamental criar consensos e desígnios comuns. É necessário, acima de tudo, sentir
o pulsar de todas as pessoas. De todas as pessoas.
Se assim for, talvez a prazo, nos possamos voltar a afirmar como “território
modelo” no âmbito da região metropolitana. Um território assente na lógica do
bem estar, dedicado ao eco-turismo, um “espaço paisagem”... no fundo, que se
possa reconfirmar como um marco territorial. Que sempre foi. Que o é.
Como já dizia Ebenezer Howard em 1898, o pioneiro moderno da descentralização da cidade industrial, com a invenção da cidade-jardim, o pensamento sobre as vilas e cidades assenta em 3 princípios fundamentais:
- A terra deve pertencer à comunidade;
- Todas as pessoas devem estar envolvidas no planeamento;
- Deve haver harmonia entre o espaço construído e o ambiente natural.
É desta simbiose que se “constrói” o território.
PNCS
(escreve de acordo com a anterior
ortografia)
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