Os recentes episódios de violência ocorridos no Bairro da Bela Vista, levaram a que, um pouco por todo o país, se produzissem considerações sobre a falência do modelo urbanístico dos “bairros sociais”.
Nesse sentido, é interessante reflectir sobre a ideia de uma hipotética (co)relação entre urbanismo e criminalidade que, recorrentemente, é trazida a debate por alguns sectores da opinião e da comunicação social.
Não nego que o ambiente construído, pode ter influência em certos tipos de comportamento social, especialmente nos grandes centros urbanos, onde a “impessoalidade” é factor dominante.
Por outro lado, quando se fala em falência do modelo urbanístico enquanto influenciador de fenómenos de criminalidade, de insegurança, de exclusão ou de segregação social, está a induzir-se que existirá um outro modelo alternativo e esplendido que os poderá combater e eliminar.
No fundo, trata-se de reforçar a ideia de que o Urbanismo é o fiel representante da filosofia do Estado e das Autarquias sobre as acções na área social.
No entanto, o que está em causa são questões de outra natureza. O que está em causa nestes fenómenos de criminalidade e de segregação social são conceitos de fundo, de natureza ideológica, que surgem desde há muitas décadas no “nosso” modelo político e que ninguém tem a ousadia de questionar.
De facto, a verdade é que o Urbanismo, enquanto modelo urbano ou espaço físico de uma cidade, não funciona sem as verdadeiras realidades socio-económicas que o envolvem. Temo até que não exista “modelo” que resista gravitando em torno da falta de emprego, da pouca educação social, da debilidade económica, da desagregação do suporte familiar, do desinteresse escolar, da fraca cultura de cidadania e da deficiente vida em comunidade.
No fundo, e por muito bom que seja, não é o Urbanismo, enquanto modelo físico da cidade, que pode resolver os problemas da sociedade, principalmente os problemas relacionados com a pobreza de espírito e com a pobreza imaterial.
Infelizmente (embora com muitas críticas - que as há!!!), o que faliu, não foi o tal modelo urbanístico enquanto espaço físico.
O que parece ter falido é o modelo social e a permanente desresponsabilização dos que se dizem necessitados e desprotegidos.
O que parece estar a falir é uma certa apetência para se condescender com a cultura de violência e de criminalidade que parece fazer parte do “código genético” de alguns grupos de “jovens” ou de gang’s.
O que irá falir é a insistência em sermos complacentes com certos indivíduos que lideram grupos étnicos que só aceitam receber “certos direitos” e não querem saber dos seus “deveres”.
O que decididamente faliu, foi este nosso “nacional porreirismo” que continua a promover aqueles que se julgam mais “espertos” do que os outros...
Por isso, temos hoje pela frente, um trabalho titânico a fazer, no sentido de promover uma verdadeira cultura comunitária, uma cultura sociologicamente saudável. Principalmente nos meios mais difíceis.
Esse trabalho, deverá necessariamente, envolver as entidades públicas, os membros mais influentes dessas comunidades (responsabilizando-os), famílias, escola, acção social e polícia de proximidade.
É um trabalho longo. Infindável.
Seria importante, portanto, iniciá-lo...
- É assim que se constrói a “Cidade”!
quinta-feira, 28 de maio de 2009
quinta-feira, 14 de maio de 2009
"Passagens"
Comentário de Luiz Carlos Prates no Jornal do Almoço de SC no dia 20/04/2009 sobre o escândalo que atingiu o Congresso Brasileiro, relativo ao abuso na utilização de cotas de passagens aéreas pelos parlamentares.
domingo, 10 de maio de 2009
sábado, 2 de maio de 2009
Abril: foi há 35 Anos!
Um certo tipo de gente que vai participando em algumas iniciativas organizadas pelo país mostrou, nos festejos do 1.º de Maio, a sua verdadeira cultura democrática.
A agressões de que foi alvo Vital Moreira provam que, por muito se comemore o 25 de Abril ou o Dia do Trabalhador, ainda existem por aí muitos indivíduos que não percebem o que é viver em democracia.
Trinta e cinco anos ainda não chegaram para assimilar uma regra fundamental: o respeito pelas outras pessoas que têm opiniões e posições políticas diferentes.
Como é obvio, não foram as organizações do PCP e da CGTP os responsáveis pelas agressões e incidentes de Lisboa. Terão sido indivíduos com responsabilidade individual que agiram na sombra do grupo de manifestantes.
No entanto, tais acontecimentos devem ser motivo de uma séria reflexão em certos e determinados quadrantes políticos que, progressivamente, vão assumindo e enfatizando uma “indutora” linha de discurso que resvala para a provocação.
Em todo o caso, este não deve ser caso para o PS (ou outro partido) fazer qualquer aproveitamento político.
Mas também não será caso para dizer, como refere Carvalho da Silva, que estas situações acontecem por existirem pessoas em grande sofrimento pessoal.
É melhor não irmos por aí...
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